Resíduos sólidos: impactos ambientais e logística reversa


O estilo de vida da atual sociedade de consumo vem demandando cada vez mais os descartáveis, não apenas para embalagens de bebidas e alimentos, mas também para outras utilidades do dia-a-dia. (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Por José Claudio Junqueira Ribeiro*

A disposição inadequada dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), conhecidos popularmente como lixo, é atualmente um dos maiores problemas ambientais no Brasil porque poluem o ar, as águas e o solo.

O lixo quando se decompõe por meio de reações bioquímicas libera gases como o metano (CH4), que contribui para o aquecimento global. Se queimado, o que ocorre frequentemente, libera dióxido de Carbono (CO2), outro Gás de Efeito Estufa (GEE), além de material particulado, um dos principais poluentes que causam danos ao nosso aparelho respiratório.

Na decomposição do lixo, além dos gases há também a formação de um líquido espesso e escuro denominado percolado ou chorume, que penetra no solo atingindo o lençol freático, contaminando-os. As chuvas lavam as áreas onde os resíduos estão lançados sem nenhum cuidado, os chamados lixões, e escoam toda essa sujeira para os córregos, ribeirões e rios até atingirem os oceanos.

Nos anos 1970, no país, cada habitante gerava, em média, 500 gramas de lixo por dia, com predominância de matéria orgânica resultante dos restos de preparo de alimentação e de sobras de comida. Todavia, com as mudanças de hábitos e costumes da população, principalmente em função de uma sociedade cada vez mais consumista, nosso lixo também mudou.

Atualmente, a média no país é o dobro, cerca de 1,0 quilo de lixo por dia por habitante, isso somente do lixo que geramos nas nossas casas, sem contar o que é gerado nas vias públicas, praças e jardins. Além disso, a composição também mudou com a pluralidade de substâncias químicas que estão cada vez mais presentes nas nossas casas, como os produtos de limpeza e higiene, medicamentos, pilhas e baterias, etc.

Para chegar a uma solução, o Congresso Nacional ficou 20 anos discutindo vários projetos de lei não apenas sobre o lixo domiciliar (RSU), mas também para outros tipos de resíduos como pneus, medicamentos, pilhas e baterias, embalagens, lâmpadas, eletroeletrônicos, etc.

Finalmente em agosto de, 2010 foi sancionada a Lei 12.305 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tendo como um dos objetivos a hierarquia a ser considerada por todos os geradores de resíduos, inclusive nós cidadãos: não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

A legislação fez a distinção entre rejeitos e resíduos, estabelecendo que o primeiro são resíduos que não têm viabilidade tecnológica ou econômica para seu reaproveitamento ou reciclagem e, nesse caso, devem ser aterrados de forma ambientalmente adequada. Vale dizer em aterros sanitários licenciados pelo órgão ambiental competente.

Os resíduos, com viabilidade técnica e econômica não devem ser mais descartados como lixo, mas sim em locais apropriados para coleta e enviados para reaproveitamento ou reciclagem.

Um exemplo de reaproveitamento são as embalagens de vidro de bebidas. Os procedimentos para retornar essas embalagens são conhecidos há muito tempo, tendo sido praticados largamente no Brasil para as garrafas de leite, cerveja e refrigerantes. Com o advento de embalagens descartáveis, como plásticos, latinhas de alumínio, cartonados, etc. a prática do retorno de embalagens caiu no desuso.

O estilo de vida da atual sociedade de consumo vem demandando cada vez mais os descartáveis, não apenas para embalagens de bebidas e alimentos, mas também para outras utilidades do dia-a-dia como embalagens de higiene e limpeza, fraldas descartáveis, pilhas e baterias necessárias ao funcionamento da multiplicidade de artefatos eletroeletrônicos, indispensáveis à vida moderna, etc.

Esses descartáveis viram lixo, aumentando a quantidade e toxicidade de resíduos que lançamos no meio ambiente. Hoje, um dos grandes problemas ambientais são também as ilhas de plásticos nos oceanos, que causam grande danos à fauna marinha por ingestão ou por se prenderem nesses resíduos.

Outro impacto digno de nota é o aumento de veículos que levam a descartes numerosos de pneus inservíveis e de óleos lubrificantes no meio ambiente, além dos próprios veículos em milhares de depósitos de sucatas espalhados pelo país.

Como solução para muitos desses resíduos, seguindo a tendência internacional, foi sancionada a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/2010. Um dos grandes avanços desta lei foi a previsão obrigatória da logística reversa para vários resíduos pós consumo: agrotóxicos e suas embalagens; óleos lubrificantes e suas embalagens; pneus; pilhas e baterias; lâmpadas; e eletroeletrônicos. Mais tarde foram carecidas as embalagens de uso doméstico.

Assim, esses resíduos devem ser descartados em locais apropriados para serem coletados, reaproveitados ou reciclados em um sistema a ser implantado e operado pelos fabricantes, importadores e rede varejista, resultando na redução significativa dos impactos ambientais gerados pela disposição inadequada dos resíduos sólidos.

*Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG e Professor do Mestrado em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável da ESDHC. Grupo de Pesquisa: Avaliação de Impacto Ambiental.

Amazônia: a ideologia da internacionalização nunca morre


A esperança é que nossos governantes não encarem todas as sugestões de internalização da região amazônica apenas como retóricas sem fundamento. (AFP)

Por Beatriz Souza Costa*

O escritor Gilberto Paim, em 2009, escreveu o livro intitulado: “Amazônia Ameaçada: Da Amazônia de Pombal à soberania sob ameaça”.  O livro inicia contando a preocupação do mundo à respeito da Amazônia, vejam: “[…] É constante uma nova onda no terreno das comunicações: pessoas da América do Norte e da Europa telefonam a amigos brasileiros para clamar contra a devastação da Amazônia. Principalmente quando fotos de satélite são exibidas na televisão, mostrando queimadas devastadoras e clareiras amplas abertas na mata virgem, logo, essa onda de apelos se intensifica” [1]. Parece que estamos ouvindo essas notícias de jornais de 2019, ou mesmo um deja vu. Informa também Paim sobre a conspiração internacional com o objetivo de internacionalizar a Amazônia.

Mas esse tipo de intenção, proveniente de outros países, tem acontecido com certa frequência. Não podemos esquecer que várias autoridades internacionais já explanaram, em seus discursos, a intenção de internacionalização de nosso patrimônio nacional.

Vamos iniciar lá pelos anos 80, no qual a Primeira Ministra Margaret Thatcher da Inglaterra, precisamente em 1983, quando o Brasil estava vivendo um de seus momentos econômicos mais constrangedores, fez um pronunciamento no qual sugeriu: “…se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas”, deixando bem claro seus intentos.

Também nos idos de 1989, Albert Al Gore Jr., há época senador dos Estados Unidos, igualmente entendia que: “Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós”. Portanto, compreendemos de onde veio a veia ecológica de Al Gore anos depois, com o documentário: “Uma verdade inconveniente” de 2006, que o fez ganhar o Prêmio Nobel da Paz em 2007. Mas essa forma de pensamento não parou por aí.

No mesmo ano de 1989, o francês François Mitterand explicita: “O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”. A França sempre apresentou esse desejo, e isso vem de longa data.

A Inglaterra em 1992 insiste, mais uma vez, agora por meio de John Major, Primeiro Ministro Britânico, em que declarou: “As nações desenvolvidas devem estender o domínio da lei ao que é comum de todos no mundo. As campanhas ecológicas internacionais sobre a região Amazônica estão deixando a fase propagandista para dar início a uma fase operativa que pode, definitivamente, ensejar intervenções militares diretas sobre a região…” Ou seja, definitivamente o Brasil não tem sossego, está sempre sob o olhar interesseiro de nossos “amigos”.

Mikhail Gorbachev, o último líder da União Soviética, deixa claro suas intenções, em 1992, quando explanou: “O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes”. É realmente impressionante a vontade de tantos países em “proteger” a região Amazônica.

Os discursos vão se tornando cada vez mais agressivos com o passar dos anos. Henry Kissinger, Secretário de Estado dos Estados Unidos, em 1994, expõe: “os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje se não tiverem a sua disposição os recursos naturais não renováveis do planeta. Terão que montar um sistema de pressões e constrangimentos garantidores da consecução de seus intento”. É melhor nem pensar o que se entende por “sistemas de pressões e constrangimentos”…

Outra Secretária de Estado, dos Estados Unidos, Madeleine Albrigh, em 1996, defende que: “Atualmente, avançamos em uma ampla gama de políticas, negociações e tratados, em colaboração com programas das Nações Unidas, diplomacia bilateral e regional distribuição de ajuda humanitária aos países necessitados crescente participação da CIA em atividades de inteligência ambiental.” Agora, vemos que é política de Estado a preocupação com recursos naturais, não podemos pensar que os Estados Unidos estão pensando no bem dos países que têm em seus territórios recursos preciosos.

Os discursos vão estabelecendo conexões preocupantes quando o General Patrick Hugles, chefe do Órgão Central de Informações das Forças Armadas Americanas, em 1998 expôs: “Caso o Brasil resolva fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente nos Estados Unidos, temos de estar prontos para interromper esse processo imediatamente”. O que os brasileiros podem compreender o que seja colocar os Estados Unidos em risco?

Mesmo vendo todos esses discursos inquietantes e ameaçadores, foi a expressão de Pascal Lamy, francês, Presidente da OMC (ONU em 2005), que mais causou indignação no Brasil. Lamy defendeu em uma conferência na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra que: “A Amazônia e outras florestas tropicais do planeta deveriam ser consideradas bens públicos mundiais e submetidas à gestão, ou seja, gestão da comunidade internacional”. Há época Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, considerou as declarações do Sr. Lamy inaceitáveis porque: “revelam uma visão preconceituosa, que subestima a capacidade dos países em desenvolvimento de gerenciar, de forma soberana e sustentável, os seus recursos naturais”[2].

E como já não fosse suficiente todas as ameaças, o Presidente Francês Emmanuel Macron, em agosto de 2019, aproveitando as queimadas que ocorrem na Amazônia anualmente, atacou: “A nossa casa está queimando”, e não satisfeito chegou a cogitar a conveniência de conferir um status internacional à região amazônica na reunião do G7, os chefes mais ricos do mundo, composto pela França, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Japão e Canadá. Não é de conhecimento de todos os brasileiros que Macron está tentando melhorar sua imagem, desgastada, com seu povo por sua política ambiental no país, mas não se pode descartar as intenções, ao longo de todos os anos sobre a Amazônia Brasileira. A esperança é que nossos governantes não encarem todas essas sugestões de internalização da região amazônica apenas como retóricas sem fundamento. Precisamos de mais alguma pista no que há por vir? Vale a pena ouvir o jornalista Andrés Oppenheimer, profundo conhecedor da geopolítica latina americana, quando acredita que o futuro da América Latina será sua divisão em pequenos países. Esperamos que esteja errado…

 

[1] PAIM, Gilberto. Amazônia Ameaçada: Da Amazônia de Pombal à soberania sob ameaça. Brasília: Senado Federal, 2009, p. 18-19.

[2] Câmara dos Deputados. Disponível em: https://www.camara.leg.br/internet/sitaqweb/TextoHTML.asp?etapa=5&nuSessao=014.3.52.O&nuQuarto=90&nuOrador=1&nuInsercao=55&dtHorarioQuarto=11:58&sgFaseSessao=BC&Data=03/03/2005&txApelido=PERPÉTUA%20ALMEIDA,%20PCDOB-AC&txFaseSessao=Breves%20Comunicações&txTipoSessao=Extraordinária%20-%20CD&dtHoraQuarto=11:58&txEtapa=. Acesso em: 26 set. 2019.

*Pós Doutora em Direito pela Universidade de Castilla-La Mancha. Doutora em Direito Constitucional. Pró-reitora de Pesquisa na Dom Helder Escola de Direito. Professora do PPGD em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável da ESDHC.

Movimento Ecos lança o edital da Campanha Agir Socioambiental


Com o intuito de manter o isolamento social perante a pandemia da Covid-19, o Movimento Ecos está lançando a Campanha Agir Socioambiental. A proposta é incentivar a promoção da consciência ambiental dentro das casas de todos os envolvidos no movimento.

A campanha consiste em um sorteio de um smartphone e dez kits youtuber. Sua principal regra é a publicação de uma foto ou vídeo que retrate a prática de algum agir socioambiental. O sorteio irá ao ar na próxima sexta-feira (19), no perfil oficial do Movimento Ecos no Instagram, @ecosmovimento.

Saiba mais e confira as regras no edital da Campanha Agir Socioambiental.

Tudo sobre o Sínodo da Amazônia


Papa Francisco durante procissão de abertura rumo à sala do Sínodo, nesta segunda (7). Foto (Andreas Solano/AFP)

Entre os dias 6 e 27 de outubro, a Igreja Católica realiza em Roma uma assembleia geral (sínodo) de bispos, cardeais e especialistas para tratar de temas relativos à Amazônia como: desenvolvimento predatório, a invasão das terras indígenas, desmatamento e grilagem, mineração e a violência sofrida pelas populações da floresta amazônica. Em primeiro lugar, o sínodo discutirá questões teológicas e pastorais da região.

Cobertura especial:

Esta revista Dom Total promoverá uma cobertura especial:

  • Mirticeli Dias de Medeiros: jornalista e mestre em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Desde 2009, cobre primordialmente o Vaticano para meios de comunicação no Brasil e na Itália, sendo uma das poucas jornalistas brasileiras credenciadas como vaticanista junto à Sala de Imprensa da Santa Sé. Mirticeli enviará notícias e análises jornalísticas diárias sobre o sínodo.
  • Adelson Santos SJ: padre jesuíta, doutor em Teologia e professor da Universidade Gregoriana (Roma), natural de Manaus (AM), convocado para participar do sínodo, fará análises teológicas diárias sobre o andamento dos trabalhos do evento.
  • Mauricio López: secretário-geral da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repan – instituição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB) e convocado para participar do sínodo, também enviará análises sobre os trabalhos durante o evento.
  • Dom Walmor Oliveira de Azevedo: presidente da CNBB, arcebispo de Belo Horizonte (MG), participante do sínodo, em sua coluna semanal, abordará reflexões sobre os temas do sínodo.
  • Teólogos da Faculdade Jesuíta de Teologia e Filosofia (FAJE): farão comentários repercutindo o alcance dos temas e conclusões dos trabalhos do sínodo.
  • Docentes da Dom Helder: professores doutores do Mestrado e Doutorado em Direito Ambiental da Dom Helder Escola de Direito, integrantes dos grupos de pesquisa que contribuíram para a elaboração do texto-base para o sínodo, também comentarão aspectos relacionados aos direitos fundamentais dos povos da floresta amazônica.

Além das matérias exclusivas, a cobertura especial terá reportagens, fotografias e vídeos produzidos pelas  agências de notícias já contratadas pelo Dom Total.

A cobertura especial faz parte da 4ª Semana de Estudos Amazônicos (4ª Semea) promovida pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (Olma) que, neste ano, terá como sede a Dom Helder, Escola de Engenharia de MG (EMGE), FAJE, Colégio Loyola, Centro Loyola de Fé e Cultura e Paróquia Santíssima Trindade.

As edições anteriores da Semea foram realizadas na Unicap (PE), PUC-Rio, Unisinos (RS).

A participação na 4ª Semea depende de inscrição prévia e é aberta ao grande público. Confira a programação e faça sua inscrição aqui:

EMGE

*O DomTotal é mantido pela Escola de Engenharia de Minas Gerais (EMGE). Engenharia Civil conceito máximo no MEC.
Saiba mais!

Seminário “Movimento Ecos e Sustentabilidade Socioambiental”


No dia 25 agosto, de 8h às 12h, ocorrerá, na sede da Escola Superior Dom Helder Câmara, o Seminário “Movimento Ecos e Sustentabilidade Socioambiental”. Com o intuito de promover a educação ambiental, o Movimento ECOS conta com a cooperação técnica da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais e tem mais de 100 escolas parceiras.

O seminário contará com a participação do palestrante George Rubadel, especialista em Relacionamento Interpessoal, PNL (Programação Neurolinguística) e Hipnose. Ele utiliza a mágica para mudar paradigmas e fazer com que equipes se sintam mais motivadas e as pessoas mais conectadas. Rubadel é um exemplo de superação: começou como office-boy aos 14 anos, foi faxineiro nos Estados Unidos, mas conseguiu se tornar diretor financeiro da multinacional Stema Group. Ele já somou mais de 4.000 mil apresentações, que já foram assistidas por quase 3 milhões de pessoas.

O Seminário é voltado sobretudo para diretores, professores orientadores, representantes e vices do ECOS e bolsistas.

As escolas devem confirmar a inscrição no Seminário através da ficha de inscrição que deve ser anexada no site EAD, até o dia 20 de agosto.

Para os alunos da Dom Helder e EMGE que não são bolsistas, mas querem participar, o Seminário valerá o equivalente a 4 horas de atividades complementares na área da Extensão.

Confira a programação:

8:00 – Recepção dos convidados com cafezinho

8:30 – Mesa abertura (5 minutos para cada)

  • Reitor da Dom Helder
  • Reitor da EMGE
  • Representante da Secretaria de Educação
  • Coordenador do ECOS

9:00 – Certificado da Pegada Ambiental

9:15 – Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG

9:30 – Agenda do ECOS e Encaminhamentos

  • Concurso Dança de Rua; Concurso Garoto e Garota ECOS; Caminhada Ecológica; Alteração de cadastro.

10:15 – Intervalo para lanche

10:30 – Palestra Motivacional: “Sustentabilidade socioambiental” com George Rubadel

11:30 – Reunião com o professor articulador

  • Cada professor com os bolsistas, diretores, professor orientador e alunos representantes fará os encaminhamentos das suas escolas.

Impasse sobre Fundo Amazônia expõe política ambiental do governo


Fundo Amazônia, voltado para proteção ambiental, corre o risco de acabar se não houver acordo com Noruega e Alemanha, seus principais patrocinadores. (Bruno Kelly/Reuters)

Criado em 2008, o Fundo Amazônia administra cerca de R$ 1,3 bilhão procedentes dos governos de Alemanha, Noruega e da Petrobras. Diante da sistemática política de desmonte dos órgãos e políticas ambientais do atual governo, a reação dos financiadores do fundo criou um impasse e colocou em xeque a própria sobrevivência do fundo.

Leia também:

O Brasil admitiu nessa quarta-feira a possibilidade de extinguir o Fundo Amazônia – dedicado à proteção ambiental – caso não chegue a um acordo com Noruega e Alemanha, seus principais patrocinadores, sobre as novas regras de funcionamento propostas pelo governo de Jair Bolsonaro. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que se reuniu com os embaixadores de Noruega e Alemanha admitiu que, em “teoria”, o fundo pode ser extinto. Ele ressalva, porém, que as conversas são no sentido de buscar a continuidade do programa, ampliando o diálogo e sinergia entre os envolvidos.

O embaixador da Noruega Nils Martin Gunneng declarou que “como disse o ministro (Salles), teoricamente (a desativação do fundo) é uma opção, mas trabalhamos para que prossiga”. O diplomata alemão Georg Witschel reafirmou que “existe esta possibilidade, mas queremos evitá-la”.

Impasse

O impasse começou com a extinção do Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa) e do comitê técnico, ambos gestores do fundo, sendo que um deles tinha entre seus membros representantes dos governos federal e estadual, bem como da sociedade civil. Além disso, o governo queria aumentar o número de representantes do governo no conselho que define como aplicar o dinheiro. Porém, esse conselho deixou de existir na sexta (28), devido a um decreto de Bolsonaro que extinguiu centenas de órgãos colegiados ligados à administração pública.

Nessa quarta-feira (3), a Alemanha anunciou a suspensão de um repasse de R$ 151 milhões, devido ao crescimento do desmatamento do desmonte dos porgãos ambientais. A suspensão dos repasses vem em meio aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) que apontam que o desmatamento na Amazônia brasileira cresceu 88% em maio, quando em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, os governos alemão e norueguês já vinham criticando algumas decisões anunciadas pelo governo Bolsonaro, como a utilização de parte dos recursos do fundo para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação ou a extinção, sem aviso algum, do conselho responsável pela distribuição das verbas.

Em carta conjunta enviada a Salles em 5 de junho, Noruega e Alemanha defenderam o modelo de governança do Cofa, formado por três blocos: governo federal, governos estaduais e sociedade civil, incluindo ONGs, que vêm sendo sistematicamente criticadas por integrantes do governo Bolsonaro. “Para nós foi uma surpresa a extinção do Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa) e do comitê técnico, mas o ministro nos garantiu que o diálogo continua”, disse o embaixador norueguês.

O governo Bolsonaro tem adotado uma série de medidas que favorecem ruralistas em detrimento de política ambiental: aprovação recorde para uso de agrotóxicos; enfraquecimento do Ministério do Meio Ambiente; revisão de todas 334 unidades de conservação; fim das reservas legais; freio na fiscalização; desmantelamento da política climática; e menos verde com o novo Código Florestal.

O que o fundo faz

A verba do Fundo Amazônia, que divide os projetos em cinco áreas de atuação – terras indígenas, unidades de conservação, cadastro ambiental rural, assentamento e combate a incêndios – é administrada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Noruega, que já colocou R$ 3,186 bilhões no programa brasileiro, responde por 94% do montante de R$ 3,396 bilhões recebidos. Os noruegueses também sinalizam interesse de continuar no programa, mas declararam que isso ocorrerá “desde que esses ajustes contribuam para reduzir o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável na região amazônica”.

Entre as ações do fundo estão: fiscalização das áreas desmatadas, monitoramento ambiental por satélite, programas de desenvolvimento sustentável, assentamentos, reflorestamento, pesquisa, tecnologia e apoio na implantação do Código Florestal por meio da criação de sistemas do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Destinação de recursos

Entre as entidades públicas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é a instituição federal que mais recebe dinheiro do Fundo Amazônia para um único projeto: são R$ 140,26 milhões, aplicados em atividades em nove estados. De acordo com o portfólio de projetos do Fundo, o objetivo dessa destinação de recursos ao Ibama é “apoiar as atividades do Ibama de fiscalização ambiental e controle do desmatamento na Amazônia Legal”.

Também ligado à União, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tem o quarto maior projeto beneficiário. Os recursos são destinados ao monitoramento ambiental por satélites no bioma Amazônia. Para isso, são destinados R$ 66,95 milhões.

Agência Estado/Dom Total

Planejamento para a sustentabilidade: projeto, sensibilização e divulgação


E.E. ELPÍDIO ARISTIDES DE FREITAS

Por Thiago Loures

Uma vez concluídos os diagnósticos, tonou-se possível que cada escola compreendesse melhor quais os principais problemas que podem ser trabalhados por meio do Movimento EcoDom 2019.

Deste modo, o mês de maio foi marcado pela elaboração da segunda tarefa: detalhamento do projeto, aliado à sua sensibilização e divulgação. Sobre o projeto, foi importante familiarizar os alunos com o passo a passo metodológico de um projeto de pesquisa. Após a elaboração do diagnóstico, os alunos deveriam identificar o problema a ser enfrentado no projeto; por meio de hipóteses, discutir quais as possíveis soluções para resolver o problema proposto; determinar os objetivos, destacando as possíveis ações para alcançar bons resultados; e por meio da metodologia, explicar de que forma o projeto será desenvolvido.

Toda essa estrutura teórica é fundamental para elaboração de um projeto sério, que objetiva a melhoria da realidade das escolas públicas estaduais, porém nada disso é útil se não houver a conscientização da comunidade escolar.

Imagine uma escola em que a equipe consiga arrecadar verba para trocar as torneiras convencionais por torneiras inteligentes (que são programadas para parar automaticamente), mas não conscientiza seus alunos da importância de se economizar água. Esses alunos usariam a água mais vezes, testando a referida torneira, e acabaria por gastar mais água, ao invés de reduzir o consumo.

Assim, através da exigência do projeto de que as equipes anexassem fotos das ações de sensibilização, os alunos tiveram que conscientizar a comunidade escolar e seu entorno sobre a existência e importância do projeto e ainda divulgá-lo por meios diversos, como cartazes, painéis, posts no Instagram etc.

A professora Samanta Pires dos Santos, orientadora do Movimento EcoDom 2019 na E. E. Doutor Lucas Monteiro Machado, no Bairro Pindorama, em Belo Horizonte, conta que teve uma reunião em que ficou “visível como os alunos estão entusiasmados e engajados com o projeto”.

A professora conta que eles idealizaram uma gincana para a reciclagem e que isso tem gerado um convívio muito melhor entre os alunos. “Iniciamos uma gincana para recolhimento de papel, plástico, alumínio, lixo eletrônico e óleo usado. Essa gincana tem demonstrado para a gente como o convívio entre os alunos está melhor. Hoje temos os alunos do 7º ano com entrosamento e amizade com os alunos do 3º ano, o que não se via em fevereiro. Então, o projeto está sendo muito importante para os alunos, tanto na parte teórica, de aprender sobre reciclagem, alimentação saudável e consumo sustentável, mas também na parte prática, sobre o convívio e socialização dos alunos”, diz.

A E. E. Doutor Lucas Monteiro Machado, atualmente sob a direção de Thiago Sânzio dos Santos Pereira, conta com 414 alunos, e participa do Movimento EcoDom pela primeira vez neste ano. Os trabalhos da escola podem ser conferidos na sua página do Instagram: @lucasecodom.

Para as escolas que optaram por participar do Campeonato Estadual de Matemática (CEM), foi realizada a prova de seleção das equipes no último dia 23 de maio, aplicada pelos bolsistas do projeto.

Como nucleador e mentor destes bolsistas, o professor Thiago Loures agradece aos seus bolsistas selecionados por aplicarem a prova. “Agradeço a Thalita Pereira Cristo Viana, Pedro Augusto Gonçalves Vieira, Jenifer Dias do Carmo, Cristiane Santana de Oliveira e Edson Borges de Souza, Gabriel Rollo Santos e Samara Kelly da Silva Santos, Alexsander Samuel de Souza Guimarães e Caroline Marcele de Brito Amorim, Valeria Vitória Borges da Silva, Fernanda Avelas Bretas, Juliana Isabel Braga Vieira e Maria Luiza Marques Soares Bastos, pelo esforço e desempenho”, diz.

Confira a seção de fotos do trabalho desenvolvido pelas equipes e bolsistas do Movimento EcoDom que colaboram na construção de um lugar melhor. Juntos podemos mais!

Edição – Equipe EcoDom

Água e resíduos sólidos: Ambiente, saúde e bem-estar humano no contexto do antropoceno


Foto: EBC

A publicação recente da revista FronteirasJournal of Social, Technological and Environmental Science, intitulada “Água e resíduos sólidos: Ambiente, saúde e bem-estar humano no contexto do antropoceno“, de autoria de Valdir Lamim-Guedes(1) e Marcos Paulo Gomes Mol(2), abordou como o Antropocenopermite percebermos a influência humana no planeta e indica a necessidade de tomar atitudes reais em prol de questões socioambientais, como o acesso à água, que envolve a disponibilidade física e fatores condicionantes de origem política, econômica ou social.

A informação é publicada por EcoDebate, 10-10-2018.

Neste texto, foi tratado o tema acesso à água e como este é determinante para a saúde e bem-estar, dependendo da conservação ambiental. Dois desafios – refugiados climáticos e aprendizagem social – foram apresentados como questões relevantes para a discussão sobre o planejamento de consumo de água em longo prazo. Foi demonstrado que a participação, corresponsabilidade e diálogo são essenciais para que as arenas já construídas, como os Comitês de Bacia Hidrográficas, sejam de fato plenários de discussão e ambiente propício para uma gestão hídrica para um melhor compartilhamento deste recurso limitado.

Para acessar o texto completo, clique aqui.

DOI.

Notas:

(1) – Centro Universitário Senac e Programa de Pós-graduação em Educação FE/USP
(2) – Fundação Ezequiel Dias (Funed), Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento

IHU

Questão ambiental nunca foi levada a sério, muito menos no governo atual, diz pesquisador


Busca pelo ouro aumenta desmatamento na Amazônia e Bolsonaro já sinalizou vontade de criar uma ‘nova Serra Pelada’. Foto (Arquivo Agência Brasil)

Por Rômulo Ávila 
Repórter Dom Total

Ex-presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), o professor do mestrado e doutorado em Direito Ambiental da Dom Helder Escola de Direito, José Cláudio Junqueira, vê retrocessos em alguns pontos da política ambiental adotada na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em entrevista ao DomTotal (leia abaixo), Junqueira destaca a importância do agronegócio para o país, mas avalia que é preciso uma política de compatibilização, especialmente na questão do uso de pesticidas. “Não podemos ficar em nenhum dos extremos”, pondera.

Junqueira avalia que a questão ambiental nunca foi tratada como deveria no Brasil e reconhece que a situação piorou na gestão Bolsonaro. “Temos um Congresso Nacional, uma política nacional de meio ambiente aprovada e temos uma Constituição. Um novo governo, eleito democraticamente, não significa que ele é superior a uma legislação que existe no país. Ele pode querer mudar os rumos da administração do Executivo, mas, em momento algum, lhe é dado o direito de desrespeitar a legislação vigente no país”, disse.

A política ambiental adotada na era Bolsonaro tem recebido criticas de especialistas do Brasil e de outros países. Reportagens sobre possível liberação de garimpo em áreas de reservas indígenas, liberação de agrotóxicos proibidos em outros países e aumento do desmatamento da Amazônia ganharam destaque na imprensa internacional recentemente.

Dados do Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta semana, apontam que o desmatamento na Amazônia Legal, que inclui nove estados, tiveram aumento de 278% em julho, em comparação ao mesmo mês de 2018.

Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe
Divulgação/Greenpeace/Marizilda Cruppe

Leia a entrevista:

O desmatamento na Amazônia está mesmo aumentando?

Os dados oficiais mostram, já há alguns anos, que o desmatamento da Amazônia vem aumentando. É evidente que essa questão de dados deixa margem para interpretação, mas não é isso que é o mais importante. Essa polêmica não leva a nada. O importante é que a Amazônia vem sendo desmatada e esse desmatamento vem aumentando. Sem entrar no mérito se aquele dado está um pouco impreciso ou se a interpretação dele não é a mais precisa, o fato que não se nega é que o desmatamento vem aumentando e é preciso tomar decisões para que isso seja estancado.

“Um novo governo, eleito democraticamente, não significa que ele é superior a uma legislação que existe no país”, afirma. Foto (William Dias/ALMG)

Um problema sério que nós temos na área ambiental, tanto no nível federal como no nível dos estados, é a fiscalização precária. Precisamos avançar em procedimentos fiscalizatórios para inibir. Sabemos que nenhum sistema funciona com alto grau de impunidade. É preciso rever todo um sistema e de sanções para que se desestimule as agressões ao meio ambiente.

O que o senhor acha da contestação de dados sobre o desmatamento na gestão atual?

A questão ambiental nunca foi levada a sério como deveria ser levada em nenhum dos governos, muito menos no atual. Acho que foi, inicialmente, uma falta de educação do governo, do próprio presidente. Tem certas questões que ele não pode tratar em público como a gente conversa em boteco. O Inpe é um órgão super respeitado, com cientistas renomados. Se ele (Bolsonaro) tem alguma dúvida, o que poderia ser natural para uma pessoa que desconhece o problema, o que seria o correto? Deveria chamar o ministro de Ciência e Tecnologia e dizer para ele conversar com o presidente do Inpe e prestar esclarecimentos. Isso seria uma postura de respeito. Ele pode até discordar (dos dados), mas deveria chamar no gabinete dele e não ir na mídia e tratar de uma forma desrespeitosa, como o ex-presidente do Inpe não merecia.

O governo dá muitos tropeços com essas declarações inadequadas para um presidente da República. Falo até por experiência própria. Fui presidente do órgão ambiental aqui do estado e, muitas vezes, o governo teve divergências. Mas foi a público discutir isso. Essa forma de governar, com declarações desrespeitosas, não contribui em nada. Só atrapalha mais o entendimento sobre a questão ambiental.

Ao contrário do que alega o governo, o senhor acha possíveis aliar preservação ambiental e crescimento econômico?

Está muito ruim a postura do governo de colocar meio ambiente contra desenvolvimento econômico. É uma postura completamente equivocada. A gente vem trabalhando há muito tempo para mostrar que o desenvolvimento só vai ocorrer em se considerando a variável ambiental.

A postura do governo deixa uma imagem muito negativa não só no cenário nacional, mas também no internacional. O presidente foi eleito democraticamente e tem todo direito de discutir as diretrizes, mas isso deve ser feito de forma adequada e ordenada. Se ele tem divergência com o Inpe, com o Ibama e com ICMBio, isso deve ser tratado, primeiramente, dentro do gabinete, para ouvir a outra parte, entender os esclarecimentos e tomar a decisão.

Como o senhor avalia a política de liberação de agrotóxicos?

Temos que ter uma política de compatibilização. Não podemos ficar em nenhum dos extremos. Temos que pensar como fazer o desenvolvimento do país preservando o meio ambiente, até porque isso é importante para a manutenção desse ambiente, não para o esgotamento dos recursos naturais.

Foi um retrocesso tirar a representação do Ministério do Meio Ambiente da discussão. Estão sendo liberados muitos agrotóxicos no país que não são aceitos na Europa nem nos Estados Unidos ou no Canadá. Precisávamos ter uma discussão considerando a variável ambiental. Ninguém quer proibir o uso de agrotóxicos. O que se quer é o uso correto, saber se são agrotóxicos que já temos o conhecimento científico de que, mesmo usados de forma ponderada, trazem ou não danos irreversíveis à saúde. Se for esse o caso, não devem ser permitidos.

Devemos ter uma avaliação mais científica, mais aprofundada, como se estava tendo antes. Mesmo assim, muitas coisas, no meu ponto de vista, não estavam adequadas. Agora, ao retirar a avaliação ambiental na questão dos agrotóxicos, isso deixa o meio ambiente e a saúde  da população mais expostos a riscos.

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Redação Dom Total

Temperaturas crescentes e atividade humana estão aumentando as tempestades e as inundações repentinas


Foto: Marcelo Camargo/ABr

Precipitação e escoamento tempestuoso aumentaram drasticamente em resposta às mudanças climáticas e induzidas pelo homem.

A reportagem é de Holly Evarts, publicada por Department of Earth and Environmental EngineeringColumbia University e reproduzida por EcoDebate, 23-10-2018. A tradução e edição são de Henrique Cortez.

Os furacões Florence e Michael nos EUA e o Super Tufão Mangkhut nas Filipinasmostraram o impacto generalizado e prejudicial dos extremos climáticos em ambos os ecossistemas e comunidades construídas, com enchentes causando mais mortes, bem como como perdas de propriedade e agricultura, do que de quaisquer outros perigos severos relacionados ao clima. Essas perdas aumentaram nos últimos 50 anos e ultrapassaram US $ 30 bilhões por ano na última década.

Globalmente, quase um bilhão de pessoas agora vivem em várzeas, aumentando sua exposição a inundações de rios de eventos climáticos extremos e ressaltando a urgência em entender e prever esses eventos.

Pesquisadores da Columbia Engineering demonstraram pela primeira vez que os extremos do escoamento aumentaram drasticamente em resposta às mudanças climáticas e induzidas pelo homem. Suas descobertas , publicadas hoje na Nature Communications , mostram um grande aumento nos extremos de precipitação e de escoamento causados pela atividade humana e pela mudança climática.

A equipe, liderada por Pierre Gentine , professor associado de engenharia de terra e meio ambiente e afiliado ao Instituto da Terra, também descobriu que o escoamento de tempestades tem uma resposta mais forte do que a precipitação a mudançasinduzidas pelo homem (mudanças climáticas, mudanças no uso da terra, etc.). Isso sugere que as respostas projetadas dos extremos de temporais de tempestade para mudanças climáticas e antrópicas vão aumentar dramaticamente, representando grandes ameaças ao ecossistema, afetando a resiliência da comunidade e os sistemas de infraestrutura.

Os pesquisadores descobriram que as mudanças nos extremos de escoamento de tempestades, na maioria das regiões do mundo, estão em linha ou acima dos extremos de precipitação. Eles observaram que diferentes respostas de precipitação e escoamento tempestuoso à temperatura podem ser atribuídas não apenas ao aquecimento, mas também a fatores como mudanças no uso e cobertura da terra, manejo da água e da terra e mudanças na vegetação que alteraram as condições de superfície subjacentes, feedbacks hidrológicos que, por sua vez, aumentaram o escoamento da tempestade.

A precipitação é gerada após a condensação do vapor de água na atmosfera, e a intensidade da precipitação é governada pela disponibilidade de vapor de água atmosférico. Como a atmosfera pode conter mais umidade à medida que a temperaturaaumenta, os cientistas do clima esperam ver uma intensificação dos extremos de precipitação com a mudança climática.

Como estudos anteriores investigaram principalmente a resposta de precipitação, a equipe de Gentine decidiu examinar a resposta dos extremos de precipitação e de escoamento de tempestades às mudanças causadas naturalmente e antropogenicamente na temperatura da superfície e no conteúdo de umidade atmosférica. Eles realizaram uma análise hidrológica em escala global para caracterizar as respostas e seus mecanismos físicos subjacentes.

Os pesquisadores então avaliaram a influência da variabilidade ao longo de décadas na escala dos extremos de escoamento e temperatura, então compararam sistematicamente com as mudanças nos extremos de precipitação. Seus dados observados de escoamento diário vieram dos conjuntos de dados do Global Runoff Data Center (GRDC), e dados diários de precipitação e temperatura próxima à superfície do ar a partir do conjunto de dados Global Summary of the Day (GSOD).

A precipitação é governada tanto pela termodinâmica (relação do vapor de água com a temperatura) quanto pela dinâmica atmosférica. A equipe de Gentine planeja, em seguida, tentar dividir os impactos da dinâmica e termodinâmica na precipitação para obter uma compreensão mais profunda sobre a intensificação da precipitação. Eles também se concentrarão na detecção de mudanças devido ao aquecimento versus aquelas devidas à atividade humana, a fim de estabelecer um sistema adaptativo de gerenciamento de recursos hídricos.

Referência:

Jiabo Yin, Pierre Gentine, Sha Zhou, Sylvia C. Sullivan, Ren Wang, Yao Zhang, Shenglian Guo. Large increase in global storm runoff extremes driven by climate and anthropogenic changes. Nature Communications, 2018; 9 (1) DOI: 10.1038/s41467-018-06765-2 http://dx.doi.org/10.1038/s41467-018-06765-2

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