Relatório aponta que emissão de gases de efeito estufa ficam estáveis em 2018


Em 2018 as emissões brutas, de acordo com o levantamento, foram de 1,939 bilhão de toneladas de CO2, ante 1,932 bilhão em 2017 (Lula Sampaio/AFP)

As emissões de gases de efeito estufa no Brasil ficaram praticamente estáveis no ano passado, com flutuação de apenas 3% em relação a 2017. Apesar de ter ocorrido um aumento no desmatamento da Amazônia, que colaborou para a liberação de mais gás carbônico (CO2) no setor de uso do solo, houve queda nas emissões provenientes de energia, equilibrando a conta.

É o que aponta o mais recente relatório do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima. O cálculo anual, feito por cientistas de diversas instituições, é independente das contas oficiais do governo, mas considera a mesma metodologia.

Em 2018 as emissões brutas, de acordo com o levantamento, foram de 1,939 bilhão de toneladas de CO2, ante 1,932 bilhão em 2017. O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é o que está promovendo o aquecimento global e as mudanças climáticas.

O ano foi marcado por altas de um lado, mas reduções por outro. As emissões resultantes do aumento de 8,5% no desmatamento da Amazônia observado entre agosto de 2017 e julho de 2018 – na comparação com os 12 meses anteriores – foram em parte compensadas pela redução de cerca de 10% na destruição do Cerrado, o que fez as emissões por mudança de uso da terra crescerem somente 3,6%. O setor, porém, continua respondendo pela maior parte das nossas emissões – 44%.

Já em energia, o aumento de 13% no uso de etanol no Brasil – combustível mais limpo, que zera suas emissões quando a cana-de-açúcar cresce e consome CO2 da atmosfera –, acabou resultando numa queda de 5% nas emissões do setor.

Também contribuiu para essa redução um aumento na presença de fontes renováveis, especialmente eólica, na geração de eletricidade. O ano teve mais chuvas, o que também favoreceu as hidrelétricas, de modo que o governo não teve de acionar muito as termelétricas.

Houve também uma leve queda nas emissões provenientes da agropecuária, de 0,7%, promovida pela diminuição do rebanho nacional que, segundo o IBGE, se deve ao aumento do abate de matrizes, em função do alto preço da carne no mercado internacional. O setor representa a segunda maior fatia das emissões brasileiras – 25%.

Agência Estado

Cerrado tem 98% de desmate ilegal em Mato Grosso


Foto: EBC

De agosto de 2016 a julho de 2017, o desmatamento em todo o bioma foi de 7,4 mil km², segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O Estado foi responsável por 17% dessa perda – 1,2 mil km².

A reportagem é de Giovana Girardi, publicada por O Estado de S.Paulo, 11-09-2018.

No Dia do Cerrado, comemorado na semana passada, uma pesquisa alertou que o cenário no segundo maior bioma do Brasil é mais de preocupação do que de celebração em Mato Grosso. Levantamento do Instituto Centro de Vida (ICV), ONG baseada no Estado, aponta que, apesar de ocupar cerca de 40% da área total do Estado – 360 mil km² –, cerca de 46% do bioma já foi convertido em outros usos.

E a perda de vegetação continua subindo, ao contrário do restante do Cerrado. Entre 2014 e 2017, o desmatamento subiu 24% em Mato Grosso, ante queda de 31% no bioma de um modo geral. De agosto de 2016 a julho de 2017, o desmatamento em todo o bioma foi de 7,4 mil km², segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O Estado foi responsável por 17% dessa perda – 1,2 mil km².

E estima-se que 98% do desmatamento ocorreu sem autorização do órgão ambiental estadual. Os pesquisadores lembram que em 2015, na Conferência do Clima de ParisMato Grosso se comprometeu em eliminar o desmatamento ilegal até 2020, reduzindo a taxa a 150 km² por ano até 2030.

“Apesar de o governo ter se comprometido com metas bem ambiciosas de redução do desmatamento, o que temos visto no Estado é que não há sinalizações tão positivas para conter esse desmatamento”, comenta Ana Valdiones, analista do ICV.

Ela cita como exemplo a edição de dois decretos que reduziram a proteção da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Cuiabá e das planícies do Guaporé e do Araguaia. O primeiro, suspenso pelo Ministério Público, autoriza novos desmatamentos na APA. E o segundo desconsidera o uso restrito para as planícies, que até então tinham restrições semelhantes a de áreas do Pantanal.

A pesquisadora também aponta falta de transparência no Cadastro Ambiental Rural (CAR. “As informações não estão disponíveis, como o CPF dos proprietários. Não tem interface pública do sistema. Sem isso não é possível ocorrer o controle do mercado”, diz.

Pela lei que reformou o Código Florestal e instituiu o CAR, é possível reduzir crédito rural, por exemplo, para quem não estiver de acordo com a legislação. “O mercado precisa conseguir implementar mecanismos de restrição a produtos que vêm do desmatamento”, explica Ana.

Secretaria contesta dados

Por meio de nota, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado contestou os dados. Usando uma metodologia diferente de contabilização da perda da vegetação, diz que houve queda de 7,9% entre 2014 e 2017. E de agosto de 2016 a julho de 2017 a perda foi de 820,36 km².

“A Sema se preocupa e atua no combate do desmatamento no Cerrado e desde 1992 vem monitorando o estado como um todo. Estes dados são utilizados pela fiscalização para autuar os infratores, sendo que em 2018 foram autuados 24.761 hectares por danos contra a flora”, disse a pasta.

Sobre a APA da cabeceira do Rio Cuiabá, diz que a adequação “foi necessária por ser uma área de uso sustentável e está plenamente adequada ao código florestal”. Mas informou que qualquer “pedido de novos desmatamentos só serão atendidos após diagnóstico completo e estudos técnicos sobre a região.”

Sobre as áreas alagáveis do Guaporé e Araguaia, a pasta diz que a “adaptação do decreto foi feita para que não haja discussão ou confronto com a segurança jurídica visto que estava sendo utilizada a mesma terminologia para o Pantanal e Araguaia o que dificultava o entendimento jurídico.”

IHU

Incêndios diminuem na Amazônia e se multiplicam no Pantanal


(30 out) Incêndio florestal no Pantanal (Governo do Mato Grosso do Sul/AFP)

Os incêndios se propagam de forma alarmante no Pantanal brasileiro, ao mesmo tempo em que diminuem rapidamente na região amazônica, segundo informes oficiais.

O número de hectares devorados pelas chamas em quatro municípios do Pantanal do Mato Grosso do Sul passou de 50 mil na semana passada a 122 mil (+144%) nesta segunda, indicou a assessoria de imprensa desse estado. As autoridades mobilizaram três helicópteros e três aviões para combater as chamas, acrescentou.

Neste ano, 8.875 focos de incêndio (+486% em relação ao mesmo período do ano passado) foram declarados nessa região de grande diversidade de flora e fauna, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em outubro houve 2.430 focos de incêndio nessa região, um recorde desde 2002.

Na Amazônia, onde até agosto o desmatamento parecia fora de controle, a situação se reverteu nos últimos meses. O número de focos caiu de 30.901 em agosto (um recorde desde 2010) para 19.925 em setembro e 7.855 em outubro, um mínimo desde o início da série histórica, em 1998, segundo dados do Inpe.

Essa redução refletiu na superfície desmatada: 2.255 quilômetros quadrados em julho, 1.702 quilômetros quadrados em agosto, 1.447 quilômetros quadrados em setembro e 405 quilômetros quadrados em outubro.

A redução ocorreu devido a dois motivos: as chuvas e a ação do exército, mobilizado após as campanhas de sensibilização que questionaram a política do governo de Jair Bolsonaro, explica Paulo Moutinho, especialista do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Segundo Moutinho, tanto na Amazônia como no Pantanal os incêndios “estão muito ligados à ação do homem e raramente ocorrem por causas naturais. Muitas vezes são para limpar a área, e muitas vezes por acidente”.

“As queimadas [na Amazônia] diminuíram, mas o desmatamento não parou” e em muitas zonas desmatadas as queimadas que precedem a utilização de terras para atividades agropecuárias ocorrerão “nos próximos anos”, prevê o pesquisador.

AFP

Líderes mundiais se reúnem com grupos religiosos para debater as Mudanças Climáticas no Mundo


Foto: EBC

Em um esforço para sair das promessas, líderes de todo o mundo se uniram à comunidade católica nesta semana em São Francisco para apresentar ações contra a ameaça global e mobilização contra a mudança climática.

A reportagem é de Brian Roewe, publicada por National Catholic Reporter, 12-09-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

Cúpula Global de Ação Climática foi aberta oficialmente em 12 de setembro e são esperados mais de 4 mil delegados. Seu foco principal é mostrar os passos dados até agora para cumprir as metas do Acordo de Paris de 2015. Sob esse acordo, 195 nações se comprometeram em limitar o aumento da temperatura global média “bem abaixo” de 2 graus Celsius.

A cúpula, sediada pelo governador da Califórnia, Jerry Brown, irá destacar as realizações que foram efetivadas até agora na implementação do Acordo de Paris – anúncios de progresso e novos compromissos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa por cidades e regiões – organizações e empresas são esperadas ao longo dos três dias em que o evento irá ocorrer. O objetivo é levar a comunidade global para “um outro nível de ambientação”, que é o tema do encontro.

Da forma como se desenha, o mundo está atrasado em seus compromissos climáticos.

Os cientistas estimam que o planeta já tenha aquecido 1 °C desde o final do século XIX e que as promessas iniciais nacionais sob o acordo de Paris renderão um aumento geral na temperatura de 3 °C até o final do século. Além disso, poucos países estão cumprindo seus compromissos, e o financiamento para o Fundo Verde climático, que visa ajudar as nações em desenvolvimento na implementação de esforços de mitigação do clima, demorou a se materializar.

As próximas negociações sobre o clima das Nações Unidas, em Katowice, na Polônia, que ocorrerá em dezembro, servirá como o primeiro levantamento oficial do progresso global.

“A mudança climática é a principal questão de nossa época, e estamos em um momento decisivo”, disse António Guterres, secretário-geral da ONU, em discurso concedido na segunda-feira na sede da ONU em Nova YorkGuterres acrescentou que, se o mundo não mudar de rumo até 2020, “corremos o risco de perder o ponto em que podemos evitar a mudança climática descontrolada”.

Antes da abertura da cúpula do clima de São Francisco, ativistas ambientais realizaram uma série de manifestações em todo o mundo para exigir que os governos se comprometam com 100% de energia renovável e deixem as reservas de combustível fóssil no solo.

“Deus fez a terra verde e bonita. Não há ameaça maior para a nossa terra do que as secas, inundações, tempestades e incêndios trazidos pela mudança climática, que são cada vez mais frequentes”, disse Nana Firman, co-fundadora da Rede Global Climática Muçulmana.

A cúpula surge em meio ao Tempo da Criação, uma observação que se deu há um mês pelos cristãos em celebração ao dom da criação de Deus e o dever da humanidade em cuidá-la.

Na tarde da próxima quarta-feira, um serviço multi-religioso na Catedral da Graça, em São Francisco – que será transmitido ao vivo -, contará com mensagens de Dalai Lama e do Patriarca Ecumênico Bartolomeu, que também pedirá às pessoas de fé que se comprometam com um estilo de vida sustentável, adotando o uso de energia renovável e dietas baseadas em vegetais, além de utilizarem transporte sustentável.

Mais cedo, o diretor executivo da Coven ClimateDan Misleh, destacou as ações tomadas pela Igreja Católica dos Estados Unidos em um fórum organizado pela We Are Still In (Ainda Estamos Dentro, em português), coalizão de 3 mil e 500 governadores, prefeitos e outros líderes americanos que prometeram cumprir o compromisso dos EUA ao Acordo de Paris, apesar da decisão do presidente Donald Trump de retirar o país do acordo na primeira oportunidade em que teve.

“Os católicos ainda se mantém presentes. Nós ainda estamos dentro para cuidar junto com você do nosso lar comum, dos nossos filhos, dos nossos vizinhos vulneráveis ​​e do nosso futuro”, disse Misleh.

Em abril, o Covenant lançou uma campanha paralela, “Os Católicos ainda estão aqui“, que em 10 de setembro reuniu 760 instituições para assinar a Declaração Católica do Clima expressando o compromisso da comunidade católica americana com a ação climática. Os signatários incluem 43 arquidioceses e dioceses, 71 faculdades e universidades, cerca de 250 comunidades religiosas, mais de 150 paróquias e mais de uma dúzia de sistemas de saúde.

Em seus comentários no fórum We Are Still In (WASI), Misleh observou que as instituições católicas representam um quinto de todos os participantes da campanha. Misleh acrescentou que os católicos ainda estão se esforçando “fazendo o papel de uma voz distintamente moral à campanha mais ampla do WASI“, e chamou isso de “abdicação” da responsabilidade e liderança moral para os EUA saírem do Acordo de Paris.

Outro evento, marcado para sexta-feira na Universidade de São Francisco, vai destacar ainda mais o que os católicos fizeram para reduzir sua campanha ambiental e que medidas podem tomar a partir disso. Uma parte será transmitida ao vivo.

Dois dias antes do início oficial da cúpula da ação climática, 19 instituições católicas se manifestaram a favor de destinar seus recursos financeiros dos combustíveis fósseis. Com a mais recente declaração de desinvestimento conjunto, 122 organizações católicas e comunidades religiosas assumiram publicamente o compromisso de desinvestir, de acordo com o Global Catholic Climate Movement, que catalisou grande parte do esforço de desinvestimento da Igreja nos últimos dois anos.

Em uma conferência de imprensa de desinvestimento no dia 10 de setembro, Tomas Insua, diretor executivo do Global Catholic Climate Movement, creditou a encíclica do Papa Francisco “Laudato Si’, sobre o Cuidado da Nossa Casa Comum” por ter “acendido o fogo do desinvestimento dos combustíveis fósseis nos católicos”.

Entre as mais recentes está a Caritas Índia, que continua se recuperando de enchentes devastadoras em Kerala, estado do sudoeste da Índia, que já matou mais de 400 pessoas e deslocou quase 1,3 milhão.

O bispo Lumen Monteiro, presidente da Caritas Índia, disse em comunicado que levará “muito tempo para superar essa tragédia”. Monteiro acrescentou que o segundo país mais populoso do mundo testemunhou um aumento de eventos climáticos extremoscomo as enchentes em Kerala na última década, e que a mudança climática“impactou negativamente” em seu povo, particularmente os pobres e marginalizados.

“Na Caritas Índia, nossa missão é levar o amor e a compaixão do evangelho às pessoas que precisam e, para isso, precisamos nos afastar dos combustíveis fósseis que causam tanto sofrimento”, disse Monteiro.

Na conferência de imprensa, Pe. Paul Moonjely, diretor executivo da Caritas Índia, convocou outros grupos e instituições religiosas a “deixarem de investir e se engajarem na criação de um novo mundo. Um mundo sem exploração e com mais compaixão”.

O evento, organizado pela Rede Divest-Invest, destacou o progresso do movimento de desinvestimento até o momento: 985 instituições, liderados por organizações de base religiosa, representando 29%, vendeu cerca de US $ 6,24 trilhões (cerca de 26,9 trilhões de reais). Em um editorial publicado no Guardian em 10 de setembro, os prefeitos de Nova York e Londres desafiaram outras cidades a se juntarem a eles nesse processo de desinvestimento de empresas de combustíveis fósseis.

Em termos de esforços dos EUA, um relatório divulgado no dia 11 de setembro indicou que o país está “quase cumprindo sua meta original de reduzir as emissões para 26 a 28% – abaixo dos níveis de 2005 até 2025”. Políticas atuais, combinadas com as forças do mercado, podem resultar em uma redução de 17% nas emissões até 2025 com a implementação de medidas “prontamente disponíveis” que levam a redução de emissões a 21%, acrescentou Moonjely. O relatório ofereceu um roteiro para reduzir as emissões em pelo menos 80% até 2050.

Críticos, incluindo o Papa Francisco, argumentam diariamente que os EUA e outros países industrializados deveriam suportar o impacto dos esforços para reduzir as emissões, como as maiores fontes do acúmulo histórico de gases de efeito estufa na atmosfera.

Kim Pozniak, porta-voz da Catholic Relief Services, aplaudiu o secretário-geral da ONU por “soar o alarme sobre a mudança climática diante de uma audiência global”. Segundo Pozniak, a CRS, em seu trabalho pelo mundo, viu como as mudanças climáticas trouxeram severas condições e sofrimento às pessoas, ironicamente àqueles que menos contribuíram para o problema, acrescentou.

“Vimos os agricultores perderem suas colheitas devido a chuvas irregulares, temperaturas extremamente altas e secas prolongadas. Vimos as famílias se esforçando para manter suas casas à medida em que a água em torno delas aumenta. Vimos comunidades inteiras sendo arrastadas por inundações repentinas e deslizamentos de terra “, disse Pozniak.

As medidas federais sobre mudança climática nos EUA demonstraram um avanço significativo sob o governo Trump, que fez da desregulamentação das proteções ambientais uma parte fundamental de sua presidência.

Agência de Proteção Ambiental finalizou uma proposta nesta semana para enfraquecer as regulamentações sobre o metano, um potente gás de efeito estufa. Essa reversão das regulamentações de metano, junto com outra regulamentação esperada pelo Departamento do Interior, segue outros passos da administração de Trump no mês passado para congelar os padrões de emissão de veículos e enfraquecer as regulamentações sobre a poluição de carbono das usinas movidas a carvão.

Brown, governador da Califórnia – que é católico -, tem sido um dos principais críticos das políticas ambientais de Trump.

Na segunda-feira, Brown assinou um projeto de lei que compromete a Califórnia – a quinta maior economia do mundo – a uma rede elétrica livre de carbono até 2045. Além disso, uma ordem executiva direciona o estado a se tornar parte do programa Carbono Neutro. A legislação assinada na semana passada, bloqueia a expansão federal da extração de petróleo ao longo das costas da Califórnia e de suas terras públicas.

“Este projeto de lei e a ordem executiva colocam a Califórnia em um caminho para alcançar as metas de Paris. Não será fácil. Não será imediato. Mas deve ser feito”, disse Brown na assinatura do Congresso.

IHU

Os percursos de uma caminhada contínua em prol da sustentabilidade do planeta


Por Elmo Júlio de Miranda

O encerramento do Movimento EcoDom 2019 está bem próximo, mas a nossa jornada é contínua. Enfrentamos muitas lutas para alcançarmos transformações positivas. A parceria da escola pública com o movimento gera grande expectativa para a construção de um projeto de educação ambiental que se processa em várias ações e atividades. O percurso para a conclusão dos projetos contou com muita perseverança, compromisso e criatividade de centenas de jovens que integraram as equipes EcoDom das escolas juntamente com o corpo docente.

Já é possível ver todas essas transformações, os ganhos socioambientais, desde o espaço físico inovado nas escolas, bem como as novas posturas adquiridas em um processo de aprendizado e de conscientização com as múltiplas relações dos grupos culturais.

As tarefas concluem as propostas coletivas do EcoDom e dos projetos nas escolas, porém, a trajetória repassa por outras atividades que gratificam a própria educação, os jovens discentes e o corpo docente e modifica a estrutura dos padrões de ensino e o exercício da educação ambiental, contribuindo para a extensão do ensino-aprendizagem.

Notadamente as avaliações finais não serão muito fáceis. Para este ano, observa-se as diversidades dos projetos nas escolas, com muita complexidade e criatividade nos trabalhos e ações das equipes.

PARABÉNS A TODOS DESDE JÁ!!!

Mesmo antes dos resultados finais dos projetos das escolas e dos editais autônomos, tais como o Concurso de Fotografia Garota e Garoto EcoDom, o Festival de Dança EcoDom e a Pegada Ambiental, nota-se que as escolas já não são mais as mesmas. Os valores de toda trajetória percorrida estão impregnados entre o movimento e os professores, alunos e colaboradores em geral.

É perceptível a felicidade e unidade que o movimento traduz em grandes trabalhos e esforços coletivos, reunidos com o propósito de salvar a natureza e o planeta. Isso, para nós, já é um resultado muito positivo.

O EcoDom e a grandeza de um rio, que segue seu percurso…. Uma prosopopeia feliz…

Eu, professor Elmo Júlio, fico irradiado com todo esse trabalho em conjunto, pois desde 2011 vi o movimento brotar nas escolas e, como todo rio que se forma de nascentes, com certeza vejo a importância dessas escolas como se fossem as primeiras águas vivas que tornarão esse rio caudaloso e perene. O EcoDom, como se fosse um rio, que percorre, irriga e contribui com a existência da educação ambiental nas escolas públicas, rio esse, que desce os planaltos, enfrenta obstáculos, mas impetuosamente luta no caminho de  seu curso, reúne pessoas comprometidas e que nas margens, lança seus sedimentos de sabedoria.

Edição – Equipe EcoDom

O Cerrado é fundamental para a sobrevivência mundial


Foto: Elza Fiúza / Abr

Berço de três bacias hidrográficas que abastecem de água praticamente todo o país, a maior savana da América do Sul cobre 25% do território brasileiro e abriga 30% da biodiversidade brasileira, mas vem sofrendo com a perda de sua vegetação nativa. Nos últimos dez anos, o Cerrado obteve as maiores taxas de desmatamento do País. A cada minuto é desmatada uma área equivalente a quase dois campos de futebol (7.408 km²/ano, Prodes Cerrado, 2017). Apesar de vários alertas, esse cenário demorou a ser visto como um problema.

desmatamento ganhou escala na década de 1970, quando a ocupação da região passou a ser incentivada pelo governo e com o desenvolvimento de tecnologias adaptadas ao contexto do Cerrado. Com muitas áreas planas, estrategicamente localizadas no coração do país e vendidas a preços atrativos, o bioma foi sendo visto como ideal para a expansão da agropecuária, rumo ao norte-nordeste do país.

As políticas que estimulam o avanço da produção de soja e pecuária continuam no Mato Grosso e, principalmente, na região denominada Matopiba, na confluência dos estados do MaranhãoTocantinsPiauí e Bahia.

Essa região viu aproximadamente 2,08 milhões de hectares de Cerrado desaparecer e dar lugar à soja que obteve um crescimento de 253% entre 2000 e 2014 nesses estados, segundo o relatório “A expansão da soja no Cerrado – Caminhos para a ocupação territorial, uso do solo e produção sustentável” da Agroicone/INPUT, publicado em 2016. O documento aponta que a maior parte dessa expansão ocorreu sobre vegetação nativa.

Patrimônio dos brasileiros

Não faltam elementos para reconhecer a importância e a urgência de proteger o Cerrado, por outro lado, ele está em desvantagem. Sem o título de Patrimônio Nacional pela Constituição Federal, como já obtido por outros ecossistemas do Brasil, as políticas de conservação do bioma também não são implementadas, ou faltam políticas.

vegetação do Cerrado marcada pelos campos naturais, formações arbustivas e com regiões de mata fechada, por muito tempo não foi considerada floresta – e a legislação protegia somente florestas tradicionais. Foi a partir do Código Florestal de 1965 que o termo ‘vegetação natural’ passou a ser usado, e o Cerrado só apareceu explicitamente no texto em 1989, quando foi aprovada uma lei que modificava o Códigopara incluir o bioma. E, ainda, no novo Código Florestal, aprovado em 2012, o Cerrado continua menos protegido que outros biomas. Esta lei exige uma área de 20% a 35% de área nativa em propriedades rurais do Cerrado, enquanto a regra é de 80% para o bioma Amazônico.

Recente pesquisa do IBOPE Inteligência encomendada e divulgada pelo WWF-Brasil sobre o que o brasileiro pensa sobre as áreas protegidas e o meio ambiente mostra que, em 2018, o desmatamento e a poluição das águas continuam sendo vistos como as principais ameaças ao meio ambiente, com 27% e 26% de menções, respectivamente. Segundo a pesquisa, nove entre dez brasileiros acreditam que a natureza não está sendo protegida de forma adequada, com 91% dos entrevistados demonstrando essa percepção.

Soluções

Parte do sucesso na diminuição do desmatamento da Amazônia aconteceu graças ao sistema de monitoramento do desmatamento por satélite. E a boa notícia é que em junho deste ano, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Ciência e Tecnologia/INPE lançaram uma ferramenta similar – o Prodes Cerrado. O bioma passa a ser acompanhado periodicamente, com divulgação oficial de dados do desmatamento anual.

O coordenador do programa de Agricultura e Alimentos do WWF-Brasil, Edegar Rosa, lembra do esforço de diversas organizações da sociedade civil e de empresas do ramo alimentício que garantiram um compromisso Público da Pecuária e uma Moratória de Soja na Amazônia, por exemplo. Ele defende ser essencial repensar o modelo de desenvolvimento para o Cerrado e frear o desmatamento. E há caminhos para isso.

Rosa acredita que um desses caminhos está nas mãos do mercado e a mensagem é clara: “é preciso que as empresas cujas matérias-primas vem de biomas ameaçados como o Cerrado, assim como os investidores que atuam nesses setores, adotem políticas e compromissos eficazes para eliminar o desmatamento e desvincular suas cadeias produtivas de áreas recentemente desmatadas”.

Edegar Rosa lembra, ainda, que todas as informações disponíveis hoje comprovam que podemos atender a demanda crescente por commodities (em especial carne e soja, que usam a maior área do bioma para produção) sem converter áreas de vegetação nativa.

“Temos um estoque de áreas de pastagem altamente degradadas no bioma que precisam ser melhor utilizadas, e não seguir convertendo novas áreas desnecessariamente”, declara.

Por isso, o WWF-Brasil dialoga com a sociedade, o governo e o setor privado de maneira a engajá-los no Pacto pelo desmatamento zero do Cerrado.

“O que desejo para esse 11 de setembro, Dia do Cerrado, é um compromisso claro entre todos os atores das cadeias de produção e consumo que impactam o bioma, principalmente da soja e da carne. A expansão agropecuária no Cerrado não pode continuar acontecendo a partir da destruição de ecossistemas naturais. A savana mais biodiversa do planeta, motor de um dos pilares da economia do Brasil, tem que sair da invisibilidade. Ainda há tempo de salvar o Cerrado, mas precisamos agir agora”, finaliza Edegar Rosa.

IHU

EUA notifica formalmente a ONU sobre saída do Acordo de Paris


A polícia está se preparando para remover um barco usado por ativistas climáticos para bloquear o cruzamento de duas grandes avenidas em Washington Foto (AFP)

Os Estados Unidos comunicaram formalmente nesta segunda-feira (4) as Nações Unidas sobre sua saída do Acordo de Paris, decidida pelo presidente Donald Trump em 2017.

Esta etapa-chave, que não poderia ter ocorrido antes devido a uma cláusula contida no texto, inicia um período de um ano para que Washington possa efetivamente concretizar sua saída.

“Hoje, os Estados Unidos iniciam o processo de saída dos acordos de Paris. Conforme os termos do acordo, os Estados Unidos submeteram uma notificação formal de sua retirada às Nações Unidas. A saída será efetiva um ano depois da notificação”, anunciou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo em um comunicado.

A saída ocorrerá após 4 de novembro de 2020, o dia seguinte da eleição presidencial americana, na qual Trump disputará um segundo mandato.

Pompeo invocou novamente “a injusta carga econômica imposta aos trabalhadores, corporações e contribuintes americanos pelos compromissos assumidos pelos Estados Unidos em virtude do acordo”.

Ao apresentar os Estados Unidos como um bom aluno na luta contra as emissões de gases de efeito estufa, prometeu que Washington continuaria “propondo um modelo realista e pragmático nas negociações internacionais sobre o clima”.

“Continuaremos trabalhando com nossos sócios internacionais para criar resiliência aos impactos da mudança climática”, disse Pompeo.

“Como no passado, os Estados Unidos continuarão promovendo a pesquisa, a inovação e o crescimento econômico enquanto reduz as emissões e se comunica com (seus) amigos e sócios no mundo todo”, apontou.

UE disposta a reforçar a cooperação

A União Europeia (UE) está disposta a “fortalecer a cooperação” com as outras partes do Acordo de Paris sobre o clima, cujas bases são sólidas, apesar da anunciada retirada dos Estados Unidos, afirmou o Comissário Europeu para a Ação Climática, Miguel Arias Cañete.

“O Acordo de Paris tem uma base sólida e chegou para ficar. A UE e seus parceiros estão dispostos a fortalecer a cooperação com todas as partes para implementá-lo”, tuitou Cañete horas depois de Washington formalizar sua saída deste acordo histórico.

O comissário espanhol, que foi o negociador europeu deste acordo em dezembro de 2015, disse que a UE continuará “trabalhando com partes interessadas e entidades americanas que permanecem comprometidas com ações climáticas ambiciosas”, em uma referência às cidades e Estados favoráveis a essa luta.

O anúncio de Washington na segunda-feira era esperado. Dessa forma, os Estados Unidos iniciaram oficialmente a retirada do acordo, uma promessa do presidente Donald Trump desde 2017, mas que não poderia ser consumada antes do terceiro aniversário da entrada em vigor do acordo.

AFP

Mudar para uma dieta saudável poupa muita água doce


Foto: EBC

Mudar para uma dieta saudável não é apenas bom para nós, mas também poupa muita água doce preciosa, de acordo com um estudo do CCI publicado na Nature Sustainability.

A informação é publicada por The Joint Research Centre (JRC), e reproduzida por EcoDebate, 13-09-2018. A tradução e edição são de Henrique Cortez.

Em comparação com as dietas existentes, a água necessária para produzir nossos alimentos pode ser reduzida entre:

11% e 35% para dietas saudáveis contendo carne,
33% e 55% para dietas pescetarianas saudáveis e
35% e 55% para dietas vegetarianas saudáveis.

Os pesquisadores compararam esses três padrões de dieta, definidos pelas respectivasdiretrizes alimentares nacionais, com o atual consumo real de alimentos, usando dados disponíveis de mais de 43 mil áreas na França, no Reino Unido e naAlemanha.

Eles descobriram que comer de forma mais saudável poderia reduzir substancialmente a pegada hídrica da dieta das pessoas, consistente em todas as entidades geográficas analisadas no estudo.

O estudo é a mais detalhada pegada hídrica nacional relacionada ao consumo de alimentos já feita, levando em conta fatores socioeconômicos do consumo de alimentos, para dietas existentes e recomendadas.

Influência dos alimentos que comemos

Os cientistas também mostram como o comportamento individual de consumo de alimentos – e suas pegadas hídricas relacionadas – dependem fortemente dos fatores socioeconômicos, como idade, sexo e nível de educação.

Eles encontraram correlações interessantes entre esses fatores e a pegada hídrica de alimentos específicos e seu impacto resultante nas pegadas hídricas globais.

Por exemplo, o estudo mostra como, na França, a pegada hídrica do consumo de leite diminui com a idade nos municípios analisados.

Em Londres, eles mostram uma forte correlação entre a pegada hídrica do consumo de vinho e a porcentagem da população de cada área com um alto nível de educação.

pegada hídrica é definida como o volume total de água doce usada para produzir bens consumidos, alimentos neste caso específico.

Os cientistas usaram pesquisas dietéticas nacionais para avaliar as diferenças no consumo de grupos de produtos alimentares entre regiões e fatores socioeconômicos dentro das regiões.

Os cenários de dieta analisados no estudo levam em conta as necessidades totais diárias de energia e proteína, bem como a quantidade máxima diária de gordura.

Eles são baseados em diretrizes dietéticas nacionais, nas quais, para cada grupo de produtos alimentícios, recomendações específicas são dadas de acordo com a idade e o sexo.

Reduzindo as pegadas hídricas nacionais para os limites administrativos mais baixos possíveis dentro de um país, os cientistas fornecem uma ferramenta útil para os formuladores de políticas em vários níveis.

A metodologia também poderia ser aplicada a outras avaliações de pegadas – como as pegadas de carbonoterra ou energia relacionadas ao consumo de alimentos.

Produtos de origem animal – e especialmente carne – têm uma pegada hídrica alta.

A dieta média europeia é caracterizada pelo consumo excessivo em geral, particularmente de produtos animais.

Uma dieta saudável conteria menos açúcar, óleos vegetais, carne e gorduras animais e mais vegetais e frutas.

Devido aos numerosos impactos negativos de um sistema intensivo de produção pecuária sobre os recursos e ecossistemas do planeta, bem como as crescentes demandas de produtos animais por países não ocidentais, adotar uma dieta rica em vegetaismais eficiente em recursos (e mais saudável) é uma necessidade

Referência:

The water footprint of different diets within European sub-national geographical entities
Davy Vanham, Sara Comero, Bernd Manfred Gawlik & Giovanni Bidoglio
Nature Sustainability (2018)

DOI https://doi.org/10.1038/s41893-018-0133-x

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IHU

‘O pior ainda está por vir’, afirma Bolsonaro sobre vazamento de petróleo


De acordo com o presidente é possível esperar ‘uma catástrofe muito maior que está por ocorrer por causa deste vazamento’ (Agência Estado)

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou que o “pior ainda está por vir” a respeito do vazamento de petróleo que em mais de três meses afetou 200 praias do litoral do Nordeste.

“O que chegou até agora e o que foi recolhido é uma pequena quantidade do que foi derramado. Então o pior ainda está por vir, não sei se na costa do Brasil, se bem que as correntes, tudo indica, que foram para a costa do Brasil. E como é um petróleo com uma densidade pouco superior à água salgada não vem por cima, vem por baixo, pode ter passado pelo Brasil e retornado para a costa africana”, disse Bolsonaro em uma breve entrevista ao canal Record.

As manchas de petróleo começaram a aparecer na Paraíba há mais de três meses e desde então foram observadas nos mais de 2 mil quilômetros que compõem o litoral nordeste, incluindo o arquipélago de Abrolhos.

As autoridades anunciaram na sexta-feira que o principal suspeito pelo vazamento é um cargueiro de bandeira grega que se abasteceu no porto de José, na Venezuela.

Bolsonaro insistiu que “todos os indícios levam para este cargueiro grego” e acrescentou que parece ter sido um “vazamento criminoso”.

De acordo com o presidente é possível esperar “uma catástrofe muito maior que está por ocorrer por causa deste vazamento”.

Na área política, Bolsonaro disse que está inclinado a deixar o Partido Social Liberal (PSL), pelo qual foi eleito presidente há um ano e com o qual protagoniza uma disputa interna há algumas semanas.

“Acho muito difícil assumir o comando do partido (PSL), meu sonho é criar um partido”, disse. O objetivo, afirmou o presidente, é ter o novo partido para participar nas eleições municipais de 2020.

Também disse que “puxou a orelha” de Eduardo Bolsonaro, um de seus três filhos envolvidos na política, que provocou espanto na quinta-feira ao dizer que “se a esquerda se radicalizar” a resposta poderia ser um novo Ato Institucional número 5 (AI-5), usado pelo regime militar em 1968 para fechar o congresso e suspender as garantias constitucionais.

“Meus filhos não me atrapalham. Muito pelo contrário, eles têm me ajudado muito a identificar pessoas que não estão na nossa linha”, disse.

Bolsonaro também respondeu a questões sobre a investigação a respeito dos assassinatos da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.

O presidente negou qualquer obstrução à Justiça e insistiu que é vítima de um complô para atingir sua imagem. Ele voltou a atacar a TV Globo e o governador do Rio, Wilson Witzel.

AFP

Mato Grosso pode prorrogar até outubro proibição de queimadas


(Valter Campanato/Agência Brasil)

O Corpo de Bombeiros e as agências ambientais de Mato Grosso finalizaram esta semana um parecer técnico que recomenda a prorrogação do período proibitivo de queimadas na zona rural do estado de 15 de setembro para 1º de outubro.

Monitoramento do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais – mostra que até 12 de setembro o estado registrou o maior número de focos de incêndio do país. Foram 13.671 mil focos contabilizados este ano, – 20% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

O coronel bombeiro militar Ricardo Costa disse que as condições climáticas na região contribuem para que a situação seja preocupante e pediu ajuda da população.

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